domingo, agosto 10, 2008

O mundo é redondo

As viagens fazem-nos sempre pensar, aprender e conhecer novas culturas. Seja à aventura ou com guias, nada melhor do que uma viagem para que a geografia do mundo se aclare na nossa cabeça. Depois, para os mais atentos, há pormenores que não podem escapar. Descobrir aquele sítio, tirar aquela fotografia, alcançar o real de uma fotografia que desejamos há tempos...

Os aeroportos são o epicentro do mundo global. Sem fronteiras e sem grandes culturalismos, as pessoas em trânsito fazem-nos supor destinos que logo são anunciados pelos altifalantes, chamando os passageiros mais atrasados. Ontem em Lisboa vi uma das cenas mais comoventes. Um homem, só, sentado num dos corredores, agarrando com o coração nas mãos um bilhete de avião e a chorar sem sequer se lembrar do mundo à sua volta. Um amor que fica, um amor perdido, uma família longe, um filho no mundo. Não sei de que chorava, mas só o imaginava sair a correr de volta ao hall das partidas e chamar por alguém, um voltar atrás na decisão errada de partir.

Partir. Nunca se parte totalmente. O mundo é redondo e uma coisa que me fascina é ouvir Português de Portugal nos quatro cantos do mundo. Ouve-se e sorri-se. Talvez até se meta conversa. Até parece que ao olhar o mapa mundo e ver o nosso Portugalinho ali mesmo no meio, que é fácil haver um Português em qualquer lado. É a nossa História que o diz. E nós assim fazemos.

Hoje tive a prova de tudo isto. Final de tarde de Inverno em Buenos Aires, pés cansados de um dia a descobrir a cidade. Quando vejo alguém à minha frente, uma rapariga, a amamentar uma bebé e que fala comigo. Sim, no meio de Buenos Aires, no meio do maior centro comercial, eu reencontrei uma colega de curso que agora mora cá. Um trabalho na Argentina valeu-lhe uma história de amor digna de filme e ali imortalizada na pequena criança... Há coisas mesmo inesperadas!

Viajar sozinha não é o que mais me agrada, porque não se partilha tão facilmente as emoções com alguém. Chegar a um sítio e pedir lugar para um é uma das coisas mais solitárias que existe. Mas por outro lado faz-nos ver e ouvir mais.

6 comentários:

Billy disse...

Olá!

Obrigada pela visita ao meu blog!

Vivo cá há mais de um ano e os únicos portugueses que encontrei foram aqueles com quem marcámos um jantar. Ou então o ocasional turista... ou então quem me vem visitar. Realmente é preciso ter sorte para se vir encontrar uma ex-colega de curso!!! :)

Cá já me habituei a ser "brasileira" e de, apesar de explicar que sou portuguesa, me perguntarem quando volto ao Rio.

No regresso do curso, podemos combinar qualquer coisa.

Beijinhos
Billy

MiSs Detective disse...

Os aeroportos são o epicentro do mundo global. tas tao inteligenti!!!! :)

Sou a estrela do mar disse...

Ex-Colega de curso???? do IST??? eu conheço á pequena?????

Lia disse...

Belíssimo post!

criptog disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
criptog disse...

É bom quando essa sensação de solidão dá lugar à percepção de que esse assumir de papel de viajante é algo de essencial (místico até) na nossa humanidade ... e como tal não estamos sozinhos (há muitos viajantes por aí)!
:)