"Desnobilizar" ou será Desmobilizar?
É certo que quando não passamos por uma situação não devemos opinar sobre ela. Eu nunca li nenhum livro do nosso Nobel José Saramago. Mas há qualquer coisa que me faz permanecer longe do senhor... Noto nele uma certa descoordenação relativamente àquilo que quero para o nosso país. E talvez por isso a falta de vontade de "o ler"... E hoje deparo-me com esta citação sua:
José Saramago, "Diário de Notícias", 15-07-2007
Com tantas certezas negativas, onde iremos mesmo parar? Também não sei se hei-de acreditar nos opostos. Estudos são sempre fontes de dúvida. Americanos indicaram que a economia Portuguesa está tão dinâmica que na Europa apenas a Espanha e a Grécia serão mais fortes. Até aqui fico um pouco decepcionada, afinal é sempre com eles que nos comparamos.
Mas nesta corda bamba onde não sei que extremo chegará a bom porto, há uma grande preocupação. É que com cintos apertados indefinidamente não há família acima de 2 elementos que resista. Vivemos para o trabalho, para as correrias, para pagar as contas e no fim apenas resta fôlego para descansar...
Será que as preocupações vão chegar ao mais alto nível? A voz da república já ecoou...
Mas para isso é preciso algo que os políticos deste país ainda não perceberam. A Assembleia da República não é o Olimpo. Não é suposto que o seu pelouro lá se torne apenas lá em vez de um olhar atento ao país. Estamos fartos de promessas que depois se transformam em arquivos. Estamos fartos de políticos que vivem num regime à parte, que não fazem a mínima ideia de como a vida é difícil. Falo por mim... Recebo uma bolsa de doutoramento, que até parece o paraíso fiscal, pois não pago impostos. Mas também não é aumentada há anos, nem com o valor da inflacção. Não tenho direito a 13º mês nem a subsídio de férias. Nos bancos tratam-me abaixo de cão porque não há declaraçãozinha do IRS. Quaisquer 2/3 da bolsa estão destinados ao empréstimo da casa. E o pior no meio disto tudo é que, infelizmente, o doutoramento neste país não é uma passagem para a outra margem. No geral os empregos para doutorados são arrancados a custo e o grau que normalmente nos aceitam é a licenciatura. Ou seja, somos trabalhadores "licenciados" e com ainda menos experiência do que quem começou logo a trabalhar.
Soa-me que este país anda aos estilhaços e cada vez mais pequenos. É que em vez de os remediarmos, andamos sempre a pisá-los até à última.