terça-feira, janeiro 08, 2008

Filmes no Metro

Viajar de metro dá-me sempre asas à imaginação. Acontece sempre qualquer coisa, nem que seja porque temos, mesmo que não queiramos, de ouvir as conversas dos outros. Outra coisa que me pergunto frequentemente é porque é que assim que soa a voz que anuncia a próxima estação, a maioria das pessoas que vão chegar ao destino se obrigam a si e a todos os que estão no caminho a desviarem-se urgentemente, não vão eles perder a oportunidade de sair. Já se sabe que o metro dá solavancos a cada grau de curva ou inclinação, portanto os desequilíbrios ou quedas são frequentes.
Hoje isso aconteceu, claro. Uma senhora ouviu o nome da estação em que queria sair e foi logo como uma seta para a porta. Mas desequilibrou-se numa curva impiedosa e caíu para cima de um homem, daqueles que envergam sobretudo e têm mesmo ar de homem de negócios. Mas caíu de braços abertos, quase num abraço de paixão às escondidas.
Ali naquela fracção de segundo podiam ter-se conhecido, apaixonado, trocado um sinal para um encontro sórdido, trocado palavras que lhes são proibídas, terem-se odiado para sempre, terem cheirado o perfume do outro. Mas pode ter sido também apenas nessa fracção que simplesmente uma senhora se desequilibrou para cima de um senhor, sem mais, assim a frio. E cada um segue na sua vida, para a sua rotina sem que aquela fracção de segundo alguma vez mais entre sequer no pensamento deles. E uma paixão divinal, a dois, pode ter ali ficado também, esquecida naquele canto do metro.

14 comentários:

Ele há horas assim... disse...

de facto...o título deste post não podia estar mais adequado...!

Mais uma paixão daquelas que se perdeu...

Foi como veio...por um instante!

;)

Maria do Consultório disse...

Tão bonito...
E a ouvir esta música que adoro e que me lembra tanto a Serra da Penha...
Um abraço

QqCoisa disse...

k giro!!! hehehehehe Tens razao... as vezes as pessoas sao tao frias (pq sao obrigadas a o ser no dia a dia).. que nem têm a sensibilidade destas pequenas coisas...

Hydrargirum disse...

Há amizades que começam assim...

Isto fez-me lembrar o Sliding doors!:)

Proud Bookaholic Girl disse...

Humm... Eu só consegui pensar que o senhor talvez fosse um carteirista!!! O meu espírito romancista está em baixo... ;)

Luis disse...

Gostei aqui da sua chafarica, vou voltar.

Lia disse...

Seria uma bonita história, daquelas de filmes, se eles se apaixonassem! Isto faz-me lembre a série que começou ontem na dois "Seis graus".
Muito bom o teu blog!

Selenis disse...

as hipoteses são infindáveis :)

Confesso que essa pressa tamb+em sempre me fez uma confusão imensa, suponho que apenas um reflexo da sociedade desenfreada em que vivemos...

medusa disse...

ahahahahahah...essas cenas são sempre divertidíssimas, pelo menos para quem as vê!!

wednesday disse...

O mais giro é que na mesma fracção de segundo eu pensei exactamente aquilo que escrevi... ;)

Anónimo disse...

demasiados filmes de gaja no leitor de dvd...:P

wednesday disse...

Não é nada:P

Eumesma disse...

Pois, com essa imaginação fértil , só poderia sair daí um grande filme ehehhe
Era bom que todas as pequenas historias acabassem assim dessa forma romântica, mas isso só mesmo nos filmes. :-)

Bjs

Teresa disse...

Gostei.

Todos os dias, se andarmos de olhos abertos, há apontamentos merecedores de (pelo menos) um sorriso.

Ontem tive um que me arrancou uma gargalhada. A caminho de casa, tinha acabado de parar à porta do Blockbuster e estava a sair do carro quando oiço a dois metros um pavoroso chiar de travões e vejo um tipo, de ar marcadamente gay, a escassos centímetros do carro que o ia passando a ferro e a coisa de dois mestros de mim, ainda a recuperar o equlíbrio.

- Foi por um triz! - exclamei.

Ele, ainda a recompor-se, atira-me com esta, a agitar o saco de plástico que trazia na mão direita:

- Morrer e ser apanhado com um saco do Lidl na mão? Ai, isso nunca!!!

Escusado será dizer que dei uma enorme gargalhada... E que presença de espírito!

Bom fim-de-semana.