quarta-feira, novembro 14, 2007

Cairo

Cairo é o nome de cidade que mais me suscita um misto de aventura, mistério, sensualidade... Uma flor no mundo árabe, metrópole dominada pela elevada expressão da tradição. O smog é parceiro do dia-a-dia, confundido ainda mais a vista do simples turista, que vê tudo ao seu nível em tons castnho e pastel, coroados de um poluição em pandan. Ilustre personagem material de músicas, livros, filmes e outras formas de expressão, o Cairo vive com alma própria. À parte do formigueiro incessante que corre em direcções imprevisíveis, trânsito desregrado capaz de estourar com a paciência da mais calma pessoa, veículos impensáveis, transportes de fazer rir. Nunca pensei que os pães de forma achatada pudessem alguma vez saciar-me e deixar-me a desejar mais, quando os vi a viajar ao relento de tudo, numa frágil bicicleta, amontoados num equilíbrio invejável, ultrapassando carros de nuvens poluentes por ruas atoladas de civilização. O mercado Khan el Khalili parece transbordar para cada ruela e, pelo menos, perfurmar os ares do Cairo. O comércio é vivo, feroz, um jogo, o dinheiro conduz-nos a um monte infidável de ninharias, de recordações do mundo egípcio. As tradições muçulmanas pintam o rosto das pessoas e assim que ecoam os primeiros segundos do Adhan, surge uma organização no meio do frenesim do dia a dia. O objectivo daquele momento é cumprir o Salat, um dos cinco pilares do Islão cumprido diariamente, em número de cinco. Para quem vem de fora tal atracção turística reveste-se de um doce som entoado pelo Muazzin e que se espalha eficazmente por todo o recanto. No seu mundo de atracções a céu aberto, percorrem-se num sem fim os 215 km2 que se dizem da sua área metropolitana. A concorrida praça Tahrir será provavelmente mais conhecida por ser a morada do Museu do Cairo. Os milhares de souvenirs do Antigo Egipto ali jazem, amontoados, não esquecidos, mas sem uma morada que os dignifique, uma catalogação digna para quem os visita. São paredes históricas, desejando não rebentar, onde diariamente entram inúmeros turistas e especialistas, pelos portões da História. O encanto de uns olhos que se arrebitam com a mais pequena nota de egiptologia procura ofegante os marcos mais simbólicos. O ouro maciço da máscara do pequeno faraó Tutankamon, que por pouco tempo inspirou os ares faraónicos, hoje em dia é reconhecido como estrela mundial. A sala das múmias é assustadoramente venerável. A simples aproximação de um corpo milenar faz-nos rever tudo o que somos em segundos. Admirar um corpo nunca foi tão belo como naqueles segundos pagos a peso de ouro. No frenesim das ruas avistamos a mais variada escolha de mesquitas, observando-as de fora, é preferível não nos aventurarmos por elas, uma vez que do infiel nada de bom se augura. No limiar da cidade, já quando esperamos chegar ao fim do mundo, horas de caminho, cidade impossível de conhecer by heart, avistam-se. No fim da cidade, no início do deserto, o planalto do Gizah faz com que lá deixemos um fôlego e um pedaço de coração. Sou incapaz de descrever a emoção de vê-las ao longe e de lhe tocar na minha insignificância ao lado delas. As pirâmides são perfeitas. Imponentes e resistentes. Tão bonitas hoje e sempre. Simples. Magníficas e estrondosas. Lá me perdi horas, viajando no seu quente interior. Também as guardei junto com a Esfinge, não geograficamente, mas para sempre, no meu coração.

10 comentários:

Inútil disse...

Ou, como dizia o poeta: Cairo, distante cairo, excitante cairo, apaixonante, isto é o Cairo.

V. disse...

Na na na... nem penses!

Não vou ao Ciaro nem a outro sítio do Egipto antes de ir à Grécia. Nem à Irlanda. É que nem pensar!

wednesday disse...

Por acaso ainda não fui nem à Grécia nem à Irlanda, mas o Egipto sempre foi a minha viagem de sonho. Desde que quis ser arqueóloga, até ser fã do Indiana Jones, adorar História e impérios antigos, o peso mais forte foi o do Egipto. Ninguém imagina o que foi a minha emoção ao ver, no meio do smog, as pirâmides a aparecerem pela primeira vez...

Proud Bookaholic Girl disse...

Primeiro Itália. Depois as pirâmides! ;) Que descrição fantástica, Wed! ;)

Maria João Matos disse...

é uma das minhas viagens de sonho!!! :) Um dia alguém me prometeu levar a ver a Aida no seu palco original... aguardo ansiosamente esse dia, porque tenho um fascinio muito grande pelos misterios em torno das piramides, da esfinge, do vale dos reis... Um dia serei eu! Por agora fico muito feliz por teres realizado um sonho!

P.S. - um dia tambem quis ser arqueologa!!! :)

Anónimo disse...

Wed... és arqueóloga?

wednesday disse...

Não, não sou... Queria ser (entre outras coisas), mas não sou. Sou EngªQuímica (de formação... lol).

A vida dá com cada volta.

Aisling, Itália é linda, já fui 2 vezes (e mais uma saltada rápida ao vale da Aosta) e ainda tenho sítios que queria ir ver. Vais adorar. Em breve vou aqui postar algo sobre Itália.

maria joão, na altura em que fui, já em 2001, o palco da Aida estava lá montado, mas infelizmente não vi lá o espectáculo. Pode ser que um dia reveja a Aida lá mesmo!;)

SAM disse...

engraçado é o meu proximo destino!
este ano foi Cuba
depois tem ques ser egipto e se puder Israel
depois Chile ( esta é que vai ser )
depois Grecia
depois Portugal
depois Algarve
e por aí fora!

MiSs Detective disse...

irlanda grécia recomendam-se! iralnda é lindo!!
cairo é como a música :)
a miss gosta qd a wed escreve by heart ;)

JustAnother disse...

Estive la este ano e, apesar de concordar em absoluto com a tua descricao (que esta fantastica), perturbou-me muito a pobreza sem esperanca que vi em muito lado no Egipto. Entre preces a Ala e fumo de Sheesha, so aguardam o passar dos dias...