quarta-feira, abril 16, 2008

Inocência

Quantas vezes não desejamos não ter chatices na vida? Falo por mim, é quase todos os dias. Não tenho tempo para o tudo que me rodeia e infelizmente para o tudo que mais me preenche. Há quem diga que o trabalho, esse, nunca desaparece e é verdade. Que mais vale viver a vida e ir fazendo o trabalho. Mas ele também tem outra característica forte: acumula e piora. Portanto nesses dias que estou a achar que nem sei por onde começar e que a cada instante me cai mais uma em cima, que desejava viver na inocência da simplicidade da criança. Um dia já assim fomos e os nossos pais tentaram simplificar-nos a vida e explicar tudo de uma forma simples. Mas nós, sem querer, evoluímos para o difícil e concreto e "hands-on". Será que alguém no mundo escolhe não evoluir assim? Não ter chatices? Das duas uma, ou é luxo que compra com facilidade ou é porque não tem alternativa de viver sem acesso ao mundo. No segundo caso é forçado e o desejo seria que não fosse assim, no primeiro se houver comodismo e deslumbramento, pode durar para a vida. Mas de certeza que se sentiria num mundo à parte, pois ninguém teria as mesmas vivências. Sentir-se-ia sem problemas, mas à parte. Portanto, aquela frase feita do nunca estarmos bem onde estamos, parece ser tão verdadeira quanto o mundo real. Se nos reformassemos já cairíamos no tédio mas reformando-nos só quando é devido, estamos cansados e a vida já passou em grande parte.

E a vida é mesmo assim. No final o que nos conforta é saber que (ou pelo menos desejar que) essas chatices todas que tivémos e o trabalho que despachámos vão construir a base para o futuro de alguém.

Dizem as crianças no alto da sua sabedoria que o mundo dos adultos é difícil, mas dizemos nós que vale a pena o esforço quando na meta está a recompensa.

Pena que na vida real e nas leis e regras dos jogos que vivemos nos locais de trabalho, muitas vezes não seja tão assim ou a cereja no topo do bolo pare nas paragens cimeiras e cá em baixo só fiquem as migalhas.

Pena que tenhamos de aprender o formalismo da legalidade e da aparência, para que possamos discutir a realidade em conversa de corredor. Diz quem sabe que estas são as conversas mais importantes. Então porque é que as conversas de reuniões formais não são como as de corredor? Passamos a falar despreocupadamente, casa um diz o que acha e poupa-se tempo?

Aprender a jogar sem dar de nós ao jogo, sem dar lenha para nos queimar não é fácil. Pode fazer-nos mais fortes, mas também nos faz mais insensíveis.

Sou só eu a sentir este turbilhão de sentimentos ou há mais alguém aí desse lado?

9 comentários:

pensamentosametro disse...

Não Wed, não estás só.

Bjos

Tita

Gi disse...

Lá está ... inocentemente no Mundo só as crianças e, mesmo assim, se as deixarem ser crianças!

Unknown disse...

Como eu entendo este post... já em algumas situações e reuniões no trabalho foi-me dito que não posso abrir o jogo todo, que há informações que devem ser ocultadas, que não se deve dizer tudo aquilo que se pensa e acredita. E eu entendo todas essas regras, mas é me difícil viver neste mundo de adultos em que temos que estar sempre a pensar nas consequências de tudo, em que temos que mentir e ocultar só para vermos cumpridos os nossos interesses ou daqueles para os quais reportamos. Não digo concordo ou discordo... digo é difícil!

Formiguinha disse...

Ai!!!!!!

Eu sinto-me sempre nesse limbo! É terrível sermos adultos... :(

Bêjos

V. disse...

Há mais alguém, sim.

Sem algumas complicações a vida também não ia ter muita piada, mas caramba... não precisavam ser tantas!

Pulha Garcia disse...

Cara Wednesday,

beba um copo. Alentejano, claro.

Feche os olhos, pense nas douradas planícies alentejanas. Beba outro.

Reflicta sobre a simplicidade da vida, sobre o aceitarmos uma vida de trabalho e responsabilidades crescentes apenas porque queremos algo mais para a nossa existência. Não é censurável mas a vida se quisermos continua a ser simples.

Se isso não resultar passe para o medronho mas ... a partir daí a gerência não se responsabiliza.

Anónimo disse...

Pois.... há quem diga que é graças às chatices que valorizamos a tranquilidade... será?

wednesday disse...

pulha, lol... tens toda a razão, mas há alturas em que a preocupação e a pressão é muita!

Acho que todos me percebem. Eu estou a mudar de posição e adquirir muitas responsabilidades ao mesmo tempo. O meu desejo e aquilo porque vou lutar é por dar o meu melhor, para poder continuar a melhorar a minha vida.

Mas como diz a thunderlady (gostei do teu regresso ao antigo nick ;) )não precisavam ser tantas as chatices!

QqCoisa disse...

ora pois... como eu te entendo amiga... :(