terça-feira, abril 10, 2007

Poesia em Flor

Nostalgia

Nesse País de lenda, que me encanta,
Ficaram meus brocados, que despi,
E as jóias que plas aias reparti
Como outras rosas de Rainha Santa!

Tanta opala que eu tinha! Tanta, tanta!
Foi por lá que as semeei e que as perdi...
Mostrem-se esse País onde eu nasci!
Mostrem-me o Reino de que eu sou Infanta!

Ó meu País de sonho e de ansiedade,
Não sei se esta quimera que me assombra,
É feita de mentira ou de verdade!

Quero voltar! Não sei por onde vim...
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!

Florbela Espanca

Estava a olhar para o meu livrinho da Florbela Espanca ali na estante e fui buscá-lo. Dão-me assim estas sedes de poesia quando menos espero, espaçadas, sinceras, e mesmo sedentas de repôr o meu equilíbrio poético. Algumas páginas gastas, marcadas no tempo e no seu canto. Leio aqueles que outrora me marcaram, mas agora outros tantos me afeiçoam. E abro neste, nostalgicamente relembrando um país talvez utópico, mas que é Portugal. Algo que anseio que venha a ser, se calhar nunca foi, se calhar foi só alguma parte. Estes versos relembram-me os tempos idos que vivi num outro País e desejei voltar ao Meu País. E desejei e desejo cada dia e noite seguidos que haja um dia, apenas um singelo dia em que vou poder orgulhar-me de cada segundo, em que vou poder sorrir a tudo, mesmo tudo, o que de significante e insignificante se passar dentro deste "terreno" junto ao mar plantando.

8 comentários:

Anónimo disse...

"A Minha Pátria é a Língua Portuguesa" Fernando Pessoa. É me completamente impossível estar apartada da pátria se eu [bolas pah] sou a pátria! Na medida em que "eu" (impessoal) sou a língua portuguesa. Não há um só instante em que não me invada um grotesco nacionalismo e patriotismo [desta pátria]. Não existem impérios físicos, existem impérios económicos. Não existe “terreno” plantado, salvo seja, existe você e o seu romance.

Anónimo disse...

"eu sou um cidadão multinacional porque a minha empresa é multinacional" Lakshmi Mittal; só você pode construir a pátria que desejava encontrar no regresso a casa. A "terrinha"???. Ou escreve o romance, alastra [outro tipo de pátria], ou aplica toda a sua genialidade e brilhantismo matemático para construir o tal "terreno". Terreno não, "o Negócio". Não lhe falo em Capitalismo Norte-americano, conto-lhe da realidade global. Vivemos noutro tipo de tirania, certo?

Anónimo disse...

Emmm.. agora que vejo isto tudo escrito, até parece mal. Eu prometo que deixo de comentar os cometários. Sorry:S

wednesday disse...

Bem, tantos pensamentos... Não queria provocar tais tumultos! Tudo isto (e agora vou explicar em que contexto vem este post) apareceu devido às recentes notícias sobre o diploma do nosso PM. É que se nem o PM é uma pessoa transparente, o que dizer do País inteiro? "Terreno" aqui significa País. Eu sei em que país e mundo vivemos, mas não faz mal (pelo contrário) desejar viver num país (e mundo) melhor, o faz?

Anónimo disse...

O país é você. O mundo é seu. De facto o PM representa o estado e o PR a nação. O "estado" pode não ser transparente, mas isso não implica que os restantes 10 milhões de habitantes não o sejam. Óbvio que desejar viver num mundo melhor é bom. É óptimo. Mas defina-me "melhor". Às vezes não há melhor [ hei, calma, há muito melhor que o "eng" JS]. Aqueles transparentes e cândidos possíveis governantes, por serem igualmente inteligentes, não desejam tais formas de poder.
Resta-nos “esperar por D. Sebastião, quer venha ou não”?
PS: A exposição é no politécnico? XD

wednesday disse...

Esperar? E que tal actuar?... :)

Quanto à exposição, não há testes para estudar? ;)
A "pintora" em questão gosta de ver que os seus alunos são aplicados!

Anónimo disse...

Tomara que fosse, mas não sou aluna da "pintora". Mas pergunte: Raquel Banheiro. Em tempos fui colega da "pintora" no "clube das artes". Por sua vez, foi-me revelada a existência da "escritora" e como assídua leitora da blogosfera (a única forma de imprensa verdadeiramente livre), vim averiguar o talento e incentivar a produção escrita.

wednesday disse...

O talento não sei se tenho, o gosto tenho. A inspiração e/ou tempo é que talvez sejam mais difíceis de conseguir. Como tal, para já fico-me pelos "escritos" tecnológicos e científicos.

Quanto à minha mãe, sim, a exposição vai ser no politécnico. :)