Escrever

No desejo cerrado, escuro de tapado, uma pequena chama ainda arde um sonho de anos, um sonho de escrever. Não se apaga, não tem velhice anunciada. Estende-se na vida espelhada, nas ideias mentalmente anotadas de como podia começar o mais belo romance. Frases, pequenos textos, crónicas de temas nenhuns, meus. São parte talhada de mim, tão sombra quanto ego meus. Não sei escrever, não sei trabalhar como escritora, porque não o sou. Apenas desejo, não sei quando nem como, escrever um livro meu. Talvez nunca encontre, afinal, a palavra ideal para começar, o papel guloso ou mesmo a emoção das palavras, mas o sonho, esse, entra e sai comigo, todos os dias, pela porta de casa.

(Nota: lembrei-me hoje dos dois pseudónimos que já usei há uns anos. Valentina Grivois e Maria Catarina Almasy. Têm inspiração por trás. Valentina é um nome forte, não o teria ou daria, mas é forte. Grivois vem da pancada de adolescente pelo Ké (cantor, que já fez parte dos meus ilustres desconhecidos e até já postei uma música dele). Maria Catarina. Catarina gosto mesmo muito, mas vem adornada de Maria, nome real ou divino, talvez. Almasy lembrei-me, sabe-se lá porquê, do Conde de Almasy, mais conhecido pelo Paciente Inglês.)