Ontem à noite estive num jantar de "trabalho". Estavam várias pessoas à mesa e a certa altura começa-se a falar da fase da vida em que tem de se escolher que área vamos estudar (10º ano) para mais tarde ingressar na universidade (com os nossos "infantis" 18 anos).
Eu lembro-me que fiz uns testes psico-técnicos, com uma espécie de psicóloga (foi o melhor que arranjaram à nossa escola) e que aquilo deu uma panóplia de áreas, como gestão, matemática, línguas e não sei quê. Basicamente fiquei na mesma.
Eu estava num dilema e assim continuei. Eu adorava arqueologia (muito por culpa do Antigo Egipto e do Indiana Jones). Mas também adorava matemática e tudo o que envolvesse cálculos. Por ter consultado os meus pais, que me explicaram (e muito bem) que ser Egiptóloga era muito difícil e que depois ficava no desemprego, escolhi as ciências.
Quando cheguei ao final do 12º ano, com específicas feitas Matemática, Química e Física, com média para entrar em tudo, fiquei a olhar para o papel da candidatura. E agora? Ainda não tinha decidido!
Como tenho tendência para ser diferente, estabeleci que queria ir para o Técnico. Ponto final. Depois tive de escolher e ordenar os cursos.
Entrei para a primeira opção, Eng. Biológica. Mas ao fim do 1º ano achei que não era aquilo que queria, tinha muito poucas cadeiras de genética (e mais uma vez a história do ser difícil depois trabalhar nisso...). Mudei de curso, sem ter perdido o 1º ano. Lá fui para a Eng. Química. Isto quando toda a gente queria fazer o percurso inverso, e chamaram-me de maluca. Se me arrependo? Nem pensar. Talvez gostasse de ter considerado outras mudanças mais arrojadas, mesmo que perdesse o ano...
Mas como muitas vezes se escreve direito por linhas tortas, a minha área de doutoramento acaba por ser na área que eu devia ter escolhido logo. Se calhar em vez de investigação estava a trabalhar e a minha vida tinha sido muito diferente (melhor ou pior). Mas vim cá ter, faço uma coisa que adoro, tem matemática, tem engenharia, tem gestão, tem investigação, imaginação, variedade...
E passei por vários obstáculos... Não me fizeram mal, mas fizeram-me mais forte.
Por muitas pedras que nos façam tropeçar no caminho, há que procurar o melhor ponto de apoio ou então levantar-nos de cabeça erguida. O caminho muitas vezes não é fácil, mas desistir quando já estamos nele é desperdiçar um bocado da nossa vida. E essa não se repete.
(Pronto, foi o meu discurso de domingo...)