Cabelos ao vento
Nas ruas da capital ecoam risos de turistas apaixonados pela nossa cidade. Tantos que já mo disseram, deixaram cá parte de si, levaram com eles a sua eleita. Andamos nós desenfreados a tentar descobrir a mais bela cidade do mundo e aqui debaixo dos nossos pés está tão forte candidata. Ainda ecoam os descobrimentos, respiramos um outro cheirinho a canela do oriente. Pisamos a História na nossa adulta Baixa Pombalina, nos seus edifícios magistrais. Por vezes não a cuidamos como devemos. A nossa capital tem vistas deslumbrantes. O Tejo acompanhado de uma esplanada e uma bebida, a zona alta de ruas empinadas, de fados lamuriantes e errantes a cada esquina. Escadas que sobem e descem no mapa, estendais que rasgam sorrisos ao ávido turista. E nós? Andamos por cá muitas vezes sem vermos. Sem saborear este diamante em bruto. Cada dia pode ser uma descoberta. Cada canto reserva-nos surpresas.
Uma das viagens mais bonitas que podemos fazer é a bordo do intemporal 28. O eléctrico percorre as colinas de Lisboa, beijando-a a cada pedra da calçada, deixando-nos a espreitar o Tejo num ou outro canto, deixando-nos vislumbrar a Sé imponente, os fundos da Baixa, o bairro do Castelo ou a centenária Bica. Ir sentado à janela, cabelos ao vento, pintar cada prédio na minha memória, ver teu sorriso do outro lado da abertura, cruzar com os outros eléctricos, numa dança de centímetros e manobras complicadas. Desejamos ardentemente que não acabe, mas na alma de um verdadeiro amante, lá fica um pouco de nós, mas levamos, sempre, a vontade e o espírito de nos apaixonar e aventurar pelo próximo encanto lisboeta que encontrarmos.
7 comentários:
sempre que vou a Lisboa ando no 28 (:
belo texo ;)
Encontrei uma vez um blogue estrangeiro que publicitava a beleza de Lisboa e tinha roteiros para serem feitos a pé e de eléctrico.
Ainda não percebi o porquê, mas para nós só o que está lá fora é que é bom, bonito, bem feito, atraente.
Nunca andei no 28, mas tenho quilómetros e quilómetros em cima das pernas percorridos em Lisboa. Que saudades de fazer caminhadas!
Adorei o teu texto.
Mais a mais referes a Bica, o bairro onde está metade da família do meu marido e ao qual me rendi desde que lá pus os pés. Eles lá costumam dizer: Coração que vai à Bica, é coração que lá fica. E olha que é bem verdade :)
Eu amo Lisboa! Um dos meus maiores prazeres é passear-me no Chiado, logo pela manhã, e calcorrear aquelas ruas, que tantas histórias minhas têm para contar, não fosse eu ter passado lá toda a minha adolescência. Este sábado fiz o gosto ao dedo e deambulei toda a manhã por Lisboa...
Fizeste-me lembrar um excelente sábado passado na companhia de excelentes amigos alfacinhas e uma fabulosa aventura nesse electrico que passa na Sé que acabou com vinho e petiscos no alto da Graça...
Muito bom o texto!
Sim, mto giro o texto...
E eu que vivo desde sempre em Lx e nunca fiz essa viagem?? Imperdoável mesmo... :-)
Uma boa sugestão para um destes dias (vale sempre a pena descobrir novos cantos na nossa cidade).
:-)
Bjs
O 28 em hora de ponta, apanhado no cais Sodré, às 8 da matina é a base para uma verdadeira dissertação sociológica.
Beijinhos (vou voltar).
Ainda bem que gostaram... E para quem ainda não fez este passeio, faça. Acreditem que não se vão arrepender. Mas não na hora de ponta, convém ser num fim de semana solarengo e despreocupado. Sim, porque os eléctricos, especialmente estes antigos, já não são propriamente o meio de transporte mais prático na nossa sinuosa Lisboa.
Enviar um comentário