segunda-feira, outubro 01, 2007

Cabelos ao vento


Nas ruas da capital ecoam risos de turistas apaixonados pela nossa cidade. Tantos que já mo disseram, deixaram cá parte de si, levaram com eles a sua eleita. Andamos nós desenfreados a tentar descobrir a mais bela cidade do mundo e aqui debaixo dos nossos pés está tão forte candidata. Ainda ecoam os descobrimentos, respiramos um outro cheirinho a canela do oriente. Pisamos a História na nossa adulta Baixa Pombalina, nos seus edifícios magistrais. Por vezes não a cuidamos como devemos. A nossa capital tem vistas deslumbrantes. O Tejo acompanhado de uma esplanada e uma bebida, a zona alta de ruas empinadas, de fados lamuriantes e errantes a cada esquina. Escadas que sobem e descem no mapa, estendais que rasgam sorrisos ao ávido turista. E nós? Andamos por cá muitas vezes sem vermos. Sem saborear este diamante em bruto. Cada dia pode ser uma descoberta. Cada canto reserva-nos surpresas.
Uma das viagens mais bonitas que podemos fazer é a bordo do intemporal 28. O eléctrico percorre as colinas de Lisboa, beijando-a a cada pedra da calçada, deixando-nos a espreitar o Tejo num ou outro canto, deixando-nos vislumbrar a Sé imponente, os fundos da Baixa, o bairro do Castelo ou a centenária Bica. Ir sentado à janela, cabelos ao vento, pintar cada prédio na minha memória, ver teu sorriso do outro lado da abertura, cruzar com os outros eléctricos, numa dança de centímetros e manobras complicadas. Desejamos ardentemente que não acabe, mas na alma de um verdadeiro amante, lá fica um pouco de nós, mas levamos, sempre, a vontade e o espírito de nos apaixonar e aventurar pelo próximo encanto lisboeta que encontrarmos.

7 comentários:

Anónimo disse...

sempre que vou a Lisboa ando no 28 (:
belo texo ;)

V. disse...

Encontrei uma vez um blogue estrangeiro que publicitava a beleza de Lisboa e tinha roteiros para serem feitos a pé e de eléctrico.

Ainda não percebi o porquê, mas para nós só o que está lá fora é que é bom, bonito, bem feito, atraente.

Nunca andei no 28, mas tenho quilómetros e quilómetros em cima das pernas percorridos em Lisboa. Que saudades de fazer caminhadas!

Anónimo disse...

Adorei o teu texto.
Mais a mais referes a Bica, o bairro onde está metade da família do meu marido e ao qual me rendi desde que lá pus os pés. Eles lá costumam dizer: Coração que vai à Bica, é coração que lá fica. E olha que é bem verdade :)
Eu amo Lisboa! Um dos meus maiores prazeres é passear-me no Chiado, logo pela manhã, e calcorrear aquelas ruas, que tantas histórias minhas têm para contar, não fosse eu ter passado lá toda a minha adolescência. Este sábado fiz o gosto ao dedo e deambulei toda a manhã por Lisboa...

Anónimo disse...

Fizeste-me lembrar um excelente sábado passado na companhia de excelentes amigos alfacinhas e uma fabulosa aventura nesse electrico que passa na Sé que acabou com vinho e petiscos no alto da Graça...

Muito bom o texto!

Eumesma disse...

Sim, mto giro o texto...

E eu que vivo desde sempre em Lx e nunca fiz essa viagem?? Imperdoável mesmo... :-)

Uma boa sugestão para um destes dias (vale sempre a pena descobrir novos cantos na nossa cidade).

:-)

Bjs

X disse...

O 28 em hora de ponta, apanhado no cais Sodré, às 8 da matina é a base para uma verdadeira dissertação sociológica.

Beijinhos (vou voltar).

wednesday disse...

Ainda bem que gostaram... E para quem ainda não fez este passeio, faça. Acreditem que não se vão arrepender. Mas não na hora de ponta, convém ser num fim de semana solarengo e despreocupado. Sim, porque os eléctricos, especialmente estes antigos, já não são propriamente o meio de transporte mais prático na nossa sinuosa Lisboa.